Um elefante chamado fobia social

Entenda o que é fobia social, como ela se desenvolve dentro da mente e os principais sintomas deste problema que atginge cerca de 12% das pessoas no mundo.
Medically Reviewed by
Dr Hamilton

Sabe quando surge aquela vontade de levantar da cadeira e conversar com o colega sobre o trabalho da semana ou um desejo de responder “sim” ao convite para o happy hour da empresa? Mas assim que a ideia surge, uma timidez colossal sobe nos ombros e estabelece uma barreira intransponível de se relacionar com as pessoas próximas. Mais que simples timidez, essas características são como um elefante empacado à frente. Um elefante chamado fobia social.

Apesar de ser algo desenvolvido pela mente de cada um ao evitar a interação social com colegas, conhecidos ou familiares ao longo de anos, esse mesmo elefante está empacando a vida aproximadamente 12% da população mundial. Imagine todas as pessoas da Europa em casa, sozinhas e sem conversar, com um elefante impedindo a saída de casa, sofrendo com um dos problemas emocionais mais comuns, mas sem saber exatamente pelo que passam.

Mais intensa do que a timidez, a fobia social é caracterizada quando o medo de viver determinada situação gera um intenso desconforto e, por consequência, implica em perdas de qualidade de vida ou defasagem profissional. São situações como não ter coragem de falar em público, fazer uma apresentação, ir ao happy hour da empresa, trabalhar sendo observado.

Como a fobia social se estabelece na mente

Antes de entender como a fobia social pode ser melhorada e quais técnicas e ferramentas podem ser usadas para superar esses medos, é importante entender os mecanismos mentais que sustentam o problema. Esse autoconhecimento e melhor compreensão da fobia social são os primeiros passos para superar essa barreira e tirar esse elefantão do seu dia a dia

Você sabia que grande parte da fobia social se desenvolve ao longo da infância e adolescência? Pois então, cerca de 80% das pessoas que sofrem de fobia social desenvolveram o problema antes dos 20 anos de idade e a maioria delas segue sofrendo por mais 10 anos sem conseguir ajuda. Nesse período, sem o tratamento adequado, a fobia social pode desencadear transtornos como depressão, crises de pânico e também levar ao uso abusivo de álcool.

Um estudo realizado pelo National Comorbidity Survey (NCS), que envolveu pesquisadores de cinco universidades do Estados Unidos apontou que apenas 35% das pessoas que sofrem de fobia social receberam tratamento específico para o transtorno. O mesmo estudo também destaca que 24% das pessoas já sentiram pelo menos algum medo social. É gente demais com medo de algo que pode superar, mas que ainda não consegue aproveitar o melhor da vida.

Essas barreiras, que impedem uma vida social plena, desenvolvem-se porque o cérebro gravou que relações sociais, como falar com colegas ou ir a confraternizações, são sinônimo de perigo. Quando isso ocorre a mente ativa um sistema em que as opções são lutar ou fugir. É algo instintivo, porém, neste caso, associado a uma situação inadequada.

O perigo no caso é a exposição social com a ideia de sentir-se humilhado, ridicularizado ou de simplesmente falhar na ação. Quanto mais experiências de bloqueio social a pessoa tem, mais forte esse medo fica gravado.

— Esse processo envolve uma região do cérebro chamada amígdala, responsável pelos mecanismos fisiológicos do medo e ocorre na mente de todas as pessoas em diversas situações, mas quem sofre de fobia social ativa esse mecanismo de defesa quando tenta ou precisa se relacionar — explica o psiquiatra José Hamilton.

Esses pensamentos que desencadeiam o sistema são chamados pela psicologia de automáticos, pois estão tão consolidados que acontecem sem ação voluntária de quem sofre com fobia social. Na amígdala, esse sinal eleva os níveis de adrenalina, que tensiona o corpo e deixa o organismo pronto para lutar ou fugir do perigo imenso.

— O pensamento automático interpretado como perigo dispara o sistema que gera emoções reais. Em seguida, o comportamento parece estranho e a pessoa se fecha ainda mais, atitude que revalida o pensamento. Logo, temos um ciclo vicioso — acrescenta o psiquiatra.

Alguns estudos também mencionam que as pessoas podem ter uma predisposição genética que maximiza essa ativação da amígdala. Mas o fato dela ativar esse sistema quando em situações sociais são reflexos de um processo de experiências positivas e negativas, de superação ou de humilhação ao longo da vida.

Sintomas mais comuns da Fobia Social

A fobia social é também conhecida como ansiedade social, mas esses sintomas de nervosismo, como tremer e suar as mãos, enrubescer a face, sentir o estômago apertado e um certo frio na barriga, são pouco notados pelas demais pessoas. Porém, é justamente a sensação de que quem está ao redor irá perceber e denunciar tais comportamentos que tanto amedronta aqueles que sofrem de fobia social.

  • Pensamentos negativos sobre si mesmo, a situação e os outros.
  • Medo de avaliações negativas ou sentir-se tolo para outros.
  • Preocupações, ruminações e perfeccionismo.
  • Atribuir culpa a si mesmo.
  • Crenças sobre si mesmo como fraco e outros como fortes.
  • Falácias negativas sobre si mesmo.
  • Acreditar que existe uma forma “correta” de agir socialmente, que ele desconhece.
  • Frequência cardíaca alta.
  • Boca seca.
  • Tremores.
  • Sudorese.
  • Mãos frias.
  • Tontura.
  • Enjôo.
  • Vontade de ir ao banheiro.
  • Sensação de perda de realidade.
  • Embaraço e excesso de auto-consciência.
  • Vergonha.
  • Baixa auto-estima.
  • Abatimento e tristeza.
  • Solidão.
  • Depressão.
  • Inibição e passividade.
  • Evitação de situações sociais.
  • Voz baixa.
  • Pouca movimentação corporal.
  • Pouca expressão facial.
  • Dificuldades na articulação da fala.
  • Tiques ou movimentos repetitivos.

Ainda que na maioria das vezes discretos, esses sintomas ganham força dentro da mente e transformam-se em imensos elefantes que empacam e bloqueiam o desenrolar de qualquer relação social. Assim, quem sofre de ansiedade social evita paquerar, sair de casa, relacionar-se com os colegas na empresa, fazer apresentações ou expor-se em público. Atitudes que impedem o crescimento profissional e pessoal.

Importante deixar claro que quem sofre de fobia social reconhece que seus medos são excessivos, mas nem por isso consegue superá-los. É comum também entender que o problema trata de medo das pessoas, o que é errado. Quem sofre de fobia social teme o julgamento que ela acredita que irá receber das demais pessoas porque interpreta essas situações como um momento de de perigo.

De acordo com a intensidade que esses sintomas aparecem diante algumas situações sociais, o grau de fobia social pode variar entre leve, moderado, grave e muito grave. Mas em qualquer nível é certo que alguma perda de oportunidade existe. Clique e veja qual o seu nível de habilidade social.

Mas como melhorar a habilidade social?

A resposta dessa pergunta que irá tirar esse elefante imenso do caminho não vale um milhão de dólares, mas sim uma infinidade de prazeres e possibilidades de relacionamentos. Esse trabalho exige esforço, mas a melhor notícia é que essa força está na própria pessoa que deseja isso, que é totalmente capaz de destruir essas barreiras.

Mas para desempacar e mandar a fobia social passear o mais importante é tentar romper com o ciclo vicioso de um pensamento automático, que gera sensações desconfortáveis. Um dos caminhos é começar a criar pequenas boas memórias em situações sociais em que se deseja superar o medo e repetir a ação até se tornar um bem estar algo automático.

Ajuda de profissionais como psicólogos  e psiquiatras podem ser interessantes, mas muitas vezes a dificuldade de expor-se atrapalha a busca de ajuda. As ferramentas de terapia digitais podem ser uma solução por incentivar o gradativo ganho de confiança por meio de desafios personalizados com os quais, aos poucos, o usuário se sente mais empoderado.

Veja mais dicas para desempacar os elefantes da fobia social.

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